Estranho



"Não abras a porta a ninguém, muito menos a um estranho" - dizia a mãe quase irada na intenção de assustar a criancinha. Esta apenas acentia com a cabeça, imaginando já o que seria um estranho. Seria um lobo, como o das histórias do Capuchinho ou dos três Porquinhos? Ou seria um Alien, tipo o ET?
Mas a menina era obediente, mais do que qualquer coisa, receava a fúria da sua mãe se alguma vez ela se atrevesse a passar a linha.
...
Anos passaram, a menina cresceu, continuando a não abrir portas a estranhos. Sempre com o receio da fúria, agora imaginária mas interiorizada.
Mas nada é eterno, principalmente os receios. Escancarou a sua porta, esperando por conhecer esse tal de "estranho".
De facto, achou estranho, quando o estranho nada ter de estranho em relação ao estranho da situação.
A partir desse dia, a menina/mulher passou a desejar ter algo de estranho na sua vida, todos os dias.

Comentários

Nuno Miguel disse…
A porta deve ficar sempre entreaberta, pois a vida reserva-nos surpresas boas e más: as boas, há que vivê-las, as más, há que aprender com elas :-)

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